sexta-feira, 29 de junho de 2012

13 de dezembro de 1942 - Berlin.


É apenas mais uma noite de fumaças e gritos, eu estava ouvindo o rádio quando falaram que uma bomba havia explodido perto daqui, já houve bombardeios aqui perto mas nada tão bruto, houvera, gritos de medo e pavor que ouvia-se daqui da janela no meu quarto, a mesma janela onde hoje deixo minhas lagrimas escrevendo nesse diário, hoje no momento da explosão vi até pedaços de pessoas voando e tinham também crianças chorando. Posso me lembras da minha infância, a Alemanha está tão mudada, maus valiosos 12 anos, eram perfeitos, sem guerra nem preocupações, eu realmente queria voltar 6 anos no tempo, nós morávamos num sítio aqui perto de Berlin, lá tinha um rio, onde eu e minha melhor amiga Ronna Wintter passamos a melhor época da nossa vida, nós o chamávamos de Rio Paradise, demos esse nome por ele ser tão claro e como os olhos de mamãe, era realmente um lugar de paz. Foi no sítio que conheci Max, e suas canções horríveis, e Glória com a melhores sopas que eu já provei, enfim, conheci Ronna, pois é, depois de tanta guerra, nunca pensei que hoje chegaria.
Hoje mais cedo invadiram Berlin, eu estava visitando o sítio, o rio Paradise fica pouco mais de 200 metros da casa principal, eu e Ronna estávamos em baixo de uma macieira, quando um carro com judeus invadiu nosso paraíso, saímos em disparada, mas 200 metros não é pouca coisa, não conseguiríamos chegar a casa, portanto nos escondemos ali, onde deu, no momento exato que o carro entrou no sítio, sobrevoou por nós um avião nazista, carregado como imaginávamos, os judeus se esconderam, nosso medo passou um pouco quando o avião continuou o trajeto, sem deixar bombas ali, mas a calma durou pouco, eles nos viram e corremos novamente, eu me escondi numa fenda, e Ronna num capão de mato gordo que havia ali, de onde eu estava dava pra vê-la, o rosto da minha boneca estava pálido como eu jamais havia visto, ela olhava pra mim com um ar de pavor, eu não queria que fosse daquele jeito, minha princesinha, nada pudia acontecer com ela.
- Não! Socorro, não me levem.
Eu ouvia seus gritos de onde eu estava, num alemão xucro, os judeus a jogaram no chão, ao lado do rio Paradise, o carro aproximou-se dela, e um moço com 2 cachos desceu, ela a pegou e jogou num lugar mais perto do rio, eu vi o cabelo loiro brilhar, talvez pela última vez, os olhos azuis refletiam na água, e o rei sol, por momentos perdeu sua realeza, minha rainha estava ficando machucada, eles não tinham o direito disso. De repente, um moço de cabelo loiro escuro e olhos azul-marinho, desceu do carro, ele não era judeu, dava pra ver em seus traços, com odio deu um tapa no rosto de Ronna, eu senti uma facada no meu, ela tentava desviar o olhar, não queria olhar para mim, eu via no seu rosto a dor, e sentia o pavor corroer sua face, num milésimo de segundo, o rosto judeu marcado por batalhas expressou um misero sentimento, ela escorreu, percorreu sua face e caiu no chão duro e frio, ao mesmo tempo que a lagrima caia no chão, do rosto de Ronna vertia sangue, sangue alemão. Com uma faca não muito grande, ele fez uma pintura ríspida no corpo da minha boneca, ela gritava por socorro, e eu ali sem fazer nada, ela calou-se, sua voz perdeu a vez para um serrote no seu braço esquerdo, sem rumores, nem choros, nem gritos ela ganhou uma funda facada na barriga, depois perdeu uma das pernas, o moço alemão aproximou-se novamente, pude até ver que ele vestia um uniforme nazista, mas se ele era alemão, porque fazer isso com a minha princesa? As nuvens cobriram o sítio e Berlin, e a minha garota ainda sangrava, toda a juventude de Ronna foi tirada por um nazista, ele pegou uma faca, rápido e ágil como um raio, cortou o pescoço de Ronna em três partes, e a sua cabeça rolou como num filme de terror até debruçar sobre o rio Paradise, e deixar as claras águas, avermelhadas, o nazista disse uma frase em outra língua, deu um tapa no judeu, e partiram com o carro, tirando a vida da minha Ronna, da minha princesinha, da minha pequena. Morta. MORTA. Eu teria que entender isso, mas por quê? Ela era tão perfeita.
Nunca mais verei os olhos claros, nem os cabelos loiros e lindos, eu perdi um pedaço de mim, e ela a vida toda, eu nunca vou poder dizer a ela o quando a amava, e ainda amo.
A guerra trás coisas ruins, mas hoje eu aprendi que, amigos verdadeiros são como anjos, de pertou ou de longe, sempre estão com você.

Nenhum comentário:

Postar um comentário